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RESUMO EXECUTIVO
Objetivo: Avaliar o estado nutricional de micronutrientes de crianças brasileiras entre 6 e 59 meses.
Métodos: O Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI-2019) é um inquérito populacional de base domiciliar realizado em uma amostra probabilística de crianças menores de 5 anos de idade distribuídas em 123 municípios dos 26 Estados da Federação e no Distrito Federal. Os dados foram coletados de fevereiro de 2019 a março de 2020, quando a pesquisa foi interrompida devido à pandemia de Covid-19. Foram estudadas 14.558 crianças. A coleta de sangue domiciliar foi realizada por punção venosa, em crianças com idade entre 6 e 59 meses. Das 12.598 crianças elegíveis, 8.829 realizaram coleta de sangue (70%). Foram determinadas as concentrações de biomarcadores do estado nutricional de ferro (hemoglobina e ferritina), zinco, selênio, ácido fólico, vitaminas A, B1, B6, B12, D e E. Adicionalmente, a proteína C reativa (PCR) foi analisada como marcador de inflamação. Um laboratório de análises clínicas de abrangência nacional efetuou as análises. Foram calculadas as estimativas da distribuição (média, mediana, primeiro e terceiro quartil), curvas de densidade e Boxplots dos micronutrientes avaliados e os respectivos intervalos de confiança de 95% (IC 95%), para o Brasil e segundo os seguintes estratificadores: macrorregião; situação do domicílio (urbana ou rural); faixa etária (6-23 ou 24-59 meses); sexo (masculino ou feminino); e quintos do Indicador Econômico Nacional – (IEN). Foram calculadas estimativas de prevalência para anemia (hemoglobina < 11 g/dL), anemia ferropriva (hemoglobina < 11g/dL; e ferritina < 12 μg/L, se PCR ≤ 5mg/L ou ferritina < 30 μg/L, se PCR > 5mg/L), deficiência de vitamina A (< 0,7 μmol/L), insuficiência (< 50 nmol/L) e deficiência de vitamina D (< 30 nmol/L) e deficiências de vitamina B12 (< 150 pmol/L), folato (< 10 nmol/L) e zinco (< 65 μg/dL, coleta de sangue pela manhã ou < 57 μg /dL coleta de sangue a tarde) para o Brasil e segundo os estratificadores listados acima, acrescidos de cor ou raça (branca, parda ou preta). Todas as análises foram realizadas utilizando-se o software R, considerando-se a estrutura do plano amostral, os pesos e a calibração.
Resultados: As prevalências de anemia e anemia ferropriva no Brasil foram de 10,0% e 3,5%, respectivamente.Esses agravos foram mais prevalentes na região Norte (17,0% para anemia e 6,5% para anemia ferropriva), entre crianças de 6 a 23 meses de idade (19,0% para anemia e 7,9% para anemia ferropriva) e entre aquelas do primeiro quinto do IEN (13,1% para anemia e 6,6% para anemia ferropriva). A prevalência de deficiência de vitamina A foi de 6,0% no Brasil e as maiores prevalências foram observadas nas regiões Centro-Oeste (9,5%), Sul (8,9%) e Norte (8,3%) e entre as crianças do primeiro quinto do IEN (9,0%). A prevalência de deficiência de vitamina B12 foi de 14,2% no Brasil, sendo mais prevalente entre as crianças com idade de 6 a 23 meses da região Norte (39,4%) e entre aquelas do primeiro quinto do IEN (18,4%). A prevalência de insuficiência de vitamina D foi de 4,3% no Brasil e maior entre crianças de 24 a 59 meses de idade (5,3%). A prevalência de deficiência de zinco foi de 17,8% no Brasil. A prevalência de deficiência de folato no Brasil foi de 1,0%.
Conclusões: As prevalências das deficiências de micronutrientes em crianças brasileiras entre 6 e 59 meses variaram segundo macrorregião, faixa etária ou IEN. Os resultados do ENANI-2019 subsidiarão a formulação e o redirecionamento de políticas públicas que objetivam a prevenção e o controle das deficiências de micronutrientes.